Dados do Trabalho

Título

GLAUCOMA AGUDO SECUNDARIO E FECHAMENTO ANGULAR MECANICO: UM RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar um caso de glaucoma agudo secundário à fechamento angular bilateral mecânico causado pelo uso de Topiramato.

Relato do Caso

Paciente do sexo feminino, 39 anos, atendida na emergência da Fundação Altino Ventura em setembro de 2021 com queixa de cefaleia, dor nos olhos, e embaçamento visual bilateral iniciados há 24h. Referia ser hipertensa e obesa, em uso de Losartana e Topiramato (iniciado 48h antes). Negava doenças oftalmológicas. Apresentava acuidade visual (AV) de 20/200 em ambos os olhos (AO), sendo observado ao exame: conjuntivas hiperemiadas, córneas com edema microcístico, câmara anterior rasa, e pupilas midriáticas. A pressão intraocular (PIO) era de 68 mmHg em olho direito e 64mmHg no esquerdo. Prescrito Manitol endovenoso, acetazolamida oral, colírio de dexametasona, brimonidina e timolol, com melhora da transparência corneana e da PIO. Realizada gonioscopia, que evidenciou fechamento angular bilateral (grau 0 segundo a classificação de Shaffer). Foi estabelecido o diagnóstico clínico de crise glaucomatosa aguda bilateral, com indicação de iridotomia periférica e suspensão da terapia oral com topiramato. Após 72h, apresentava-se com AV de 20/30 em AO, câmara anterior ampla bilateralmente, e PIO de 16mmHg e 14mmHg em olho direito e esquerdo, respectivamente. À fundoscopia, apresentava escavação papilar de aspecto fisiológico e simétrico entre os olhos. Realizados exames ambulatoriais para triagem de glaucoma, que não identificaram outras alterações.

Conclusão

O Topiramato pode levar ao fechamento mecânico do ângulo camerular induzido por edema com rotação anterior do corpo ciliar. Um estudo de caso controle mostrou o risco de fechamento angular 5 vezes maior entre pacientes com menos de 50 anos de idade em uso de Topiramato em comparação com não usuários. Diante do grande potencial mórbido, é importante ter ciência de seus efeitos colaterais, bem como ponderar a avaliação oftalmológica precedente à indicação de terapia, ato este não rotineiro na pratica clínica.